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terça-feira, 28 de junho de 2011

Religião marca presença na Parada Gay

Distribuindo panfletos da igreja, a dupla
caminhava no sentido contrário dos que acompanhavam os carros de som





Com ilustrações de diversos santos, os cartazes estavam distribuídos ao longo de todo o trajeto da Parada Gay, como referência, mesmo que indiretamente, ao catolicismo


Quase ninguém vai à Paulista durante a Parada Gay esperando ver qualquer alusão à religiosidade: foi a primeira coisa que pensei ao me deparar com alguns cartazes em meio aos 4 milhões de pessoas, segundo números oficiais dos organizadores do evento.

Começando pelo mais pontual e direto, é isso mesmo o que aparece na foto: um homem segurando o cartaz de uma igreja evangélica voltada para o público LGTB, na 15ª edição do evento.

Pouca gente conhece, mas há sim uma igreja nesse segmento. Se não fosse cristã, ainda seria menos inusitado, pois há muitas outras religiões que encaram normalmente a homossexualidade. A Igreja para todos tem sua sede principal próximo ao metrô Santa Cecília e carrega como um dos lemas a afirmação: “Deus não faz acepção”, muito coerente por sinal.

O rapaz distribuía panfletos que traziam o logotipo da igreja e convidada “a todos” para os cultos, gerais e específicos, tais como "para toda a família", "para casais gays" e "para solteiros gays".
Além dessa peculiaridade, outros cartazes chamaram a atenção e geraram polêmica: espalhados por toda avenida Paulista, eles traziam imagens de santos seminus e diziam “nem santo te protege”, "use camisinha". O uso de santos católicos na propaganda teve suas repercussões: Foi produzido até um vídeo como resposta: “Parada Gay: Dom Odílio Scherer “esclarece” porque “nem santo te protege da AIDS”.

Se esses episódios tem como proposta trazer a tona a discussão, eles estão sendo bem sucedidos. A polêmica da presença gay em igrejas cristãs não é recente e é inegável que a Parada do Orgulho Gay tem o seu papel: de no mínimo, provocar discussões nas mídias, seja falando-se em defesa ou contra o movimento LGTB e a homossexualidade. Torna-se então inevitável ignorá-los.

domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos Namorados: filas nos motéis e suas interações



Carros aguardam o momento de... comemorar. Em doze minutos de fotos pude ver por volta de nove carros no total, aguardando a vez, saindo do motel ou desistindo de esperar, quando manobravam o carro, dando a vez ao próximo.






Doze de junho: troca de presentes, palavras bonitas não ditas ao longo de todo o ano, homenagens, caprichos, dentre outras coisas bem parecidas com o que acontece no dia dos pais, dia das mães, Natal, aniversários. É assim que a maioria dos casais, em São Paulo e em muitas outras cidades no Brasil, vivem a data. Porém, dentre todas as formas de comemoração, a disputa por vagas nos motéis e suas interações é, com certeza, o fenômeno mais interessante a ser observado.


Quem não se dá ao trabalho de fazer reserva com antecedência (quando possível), espera um pouco mais pela celebração. O doze de junho dura 24 horas, mas indo a um motel nesse dia você chega a aguardar umas quatro horas, para comemorar, em alguns casos, por duas. Motéis garantem ter 100% de seus quartos ocupados e sem dúvida, fila.


O mais inusitado mesmo (e não exclusivo do dia dos namorados) é quando casais diferentes trocam olhares uns com os outros. Diversos motéis contam com salas de espera e ali, todo mundo sabe o objetivo central da empreitada. Ainda sim, quase cinicamente, pessoas olham-se com aquela carinha tímida e conversam discretamente com seu parceiro. Já o que se passa na cabeça de cada um, só os sorrisinhos de canto, as reações de supetão e as piadas sobre motéis podem revelar.


Alguns, aliás, nem encaram esse momento como um tabu. Pra quem trabalha em motel, por exemplo, tudo aquilo se naturaliza: se quase todo mundo morre de vergonha de ir a pé a um motel, seus (suas) funcionários (as), por outro lado, já devem ter visto de tudo em seu ambiente de trabalho. Aliás, talvez não por acaso na maioria dos motéis haja mulheres e não homens na recepção.


Se nesse ponto da leitura você já está se perguntando sobre a possibilidade de eu ter entrado em um motel ontem, seja para colher dados ou comemorar, saiba que não fui, não senhor(a). No caso desse texto não atendi à velha máxima antropológica do “eu estava lá”. Vi de perto, mas nem tanto. Independente disso, há informações de sobra na internet e na boca de todo mundo que já foi a um motel.


Para além do processo de produção desse texto, uma coisa é certa: as interações nos motéis são super curiosas, mas quando o objetivo é celebrar, cabe pensar se vale a pena pagar caro e esperar tanto para consumar a relação. Há muitas outras formas de se comemorar (ou não) o Dia dos Namorados. Você pode, por exemplo, simplesmente beber em qualquer lugar e aproximar-se mais do seu (sua) parceiro (a), conforme indica estudo feito nos EUA. Só cuidado para não ter lesões se o seu motel for o desconfortável carro...



Rota de motéis localizada no Km 23 da Anchieta, em São Bernardo do Campo, São Paulo