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domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos Namorados: filas nos motéis e suas interações



Carros aguardam o momento de... comemorar. Em doze minutos de fotos pude ver por volta de nove carros no total, aguardando a vez, saindo do motel ou desistindo de esperar, quando manobravam o carro, dando a vez ao próximo.






Doze de junho: troca de presentes, palavras bonitas não ditas ao longo de todo o ano, homenagens, caprichos, dentre outras coisas bem parecidas com o que acontece no dia dos pais, dia das mães, Natal, aniversários. É assim que a maioria dos casais, em São Paulo e em muitas outras cidades no Brasil, vivem a data. Porém, dentre todas as formas de comemoração, a disputa por vagas nos motéis e suas interações é, com certeza, o fenômeno mais interessante a ser observado.


Quem não se dá ao trabalho de fazer reserva com antecedência (quando possível), espera um pouco mais pela celebração. O doze de junho dura 24 horas, mas indo a um motel nesse dia você chega a aguardar umas quatro horas, para comemorar, em alguns casos, por duas. Motéis garantem ter 100% de seus quartos ocupados e sem dúvida, fila.


O mais inusitado mesmo (e não exclusivo do dia dos namorados) é quando casais diferentes trocam olhares uns com os outros. Diversos motéis contam com salas de espera e ali, todo mundo sabe o objetivo central da empreitada. Ainda sim, quase cinicamente, pessoas olham-se com aquela carinha tímida e conversam discretamente com seu parceiro. Já o que se passa na cabeça de cada um, só os sorrisinhos de canto, as reações de supetão e as piadas sobre motéis podem revelar.


Alguns, aliás, nem encaram esse momento como um tabu. Pra quem trabalha em motel, por exemplo, tudo aquilo se naturaliza: se quase todo mundo morre de vergonha de ir a pé a um motel, seus (suas) funcionários (as), por outro lado, já devem ter visto de tudo em seu ambiente de trabalho. Aliás, talvez não por acaso na maioria dos motéis haja mulheres e não homens na recepção.


Se nesse ponto da leitura você já está se perguntando sobre a possibilidade de eu ter entrado em um motel ontem, seja para colher dados ou comemorar, saiba que não fui, não senhor(a). No caso desse texto não atendi à velha máxima antropológica do “eu estava lá”. Vi de perto, mas nem tanto. Independente disso, há informações de sobra na internet e na boca de todo mundo que já foi a um motel.


Para além do processo de produção desse texto, uma coisa é certa: as interações nos motéis são super curiosas, mas quando o objetivo é celebrar, cabe pensar se vale a pena pagar caro e esperar tanto para consumar a relação. Há muitas outras formas de se comemorar (ou não) o Dia dos Namorados. Você pode, por exemplo, simplesmente beber em qualquer lugar e aproximar-se mais do seu (sua) parceiro (a), conforme indica estudo feito nos EUA. Só cuidado para não ter lesões se o seu motel for o desconfortável carro...



Rota de motéis localizada no Km 23 da Anchieta, em São Bernardo do Campo, São Paulo


2 comentários:

  1. No sábado, vi uma fila enorme num Mac Donalds, na hora do almoço. As pessoas se acotovelavam por um daqueles lanches. Era um dia normal em São Paulo. Mas sei lá, se eu fosse alguém de outro lugar, pouco acostumado com essa coisa que chamam de civilização, eu seria levado a crer que se tratava de um racionamento de comida na cidade.

    O dia dos namorados é, sim, um dia de racionamento. A pessoa que se submete a ficar numa fila de Motel deve ser muito mal comida o ano todo. É um ritual tão estranho quanto a fila do Mac Donalds.

    Gente que pega fila para trepar não pode ser levada a sério.

    Ótimo post, Cibele! ;)

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkk

    Muito legal o post e as fotos. Principalmente as fotos, pois suspeito que vc as tenha tirado.

    Continue postando! estou lendo todos.

    Parabéns pela criatividade do tema e do texto.

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